quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Chitas de Alcobaça

Algodão estampado de Alcobaça (colcha), do séc. XIX, pertencente à colecção Vieira Natividade - Lenços e Colchas de Chita de Alcobaça, Museu de Alcobaça, 1988. IPPC.
Padrão com pássaros, flores, folhas e brasões (pormenor). 

Os "Pintados" ou "Chita" trazidos do Oriente por Vasco da Gama, no ano de 1498, quando abrimos caminho ao comércio directo com a Índia, não incentivou os portugueses para que fossem os primeiros a copiá-los. O contacto com estas chitas indianas, levou a Inglaterra, a Holanda e a França a criar uma indústria de algodão estampado na Europa. O uso destes tecidos, fabricados segundo os processos usados na Índia, atingiu grande importância e prestígio nos séculos XVII e XVIII. Os ingleses chamam-lhe Chintz e utilizam-no tanto em decoração como em vestuário. 


Algodão estampado de Alcobaça (colcha), do séc. XIX, pertencente à colecção Vieira Natividade - Lenços e Colchas de Chita de Alcobaça, Museu de Alcobaça, 1988. IPPC.


Padrão com uvas, parras, flores e cornucópias (pormenor). 


Algodão estampado de Alcobaça (colcha), do séc. XIX, pertencente à colecção Vieira Natividade - Lenços e Colchas de Chita de Alcobaça, Museu de Alcobaça, 1988. IPPC.
Padrão com borboletas, flores, folhas, ânforas e figuras humanas orientais (pormenor).
Algodão estampado de Alcobaça (colcha), do séc. XIX, pertencente à colecção Vieira Natividade - Lenços e Colchas de Chita de Alcobaça, Museu de Alcobaça, 1988. IPPC.
Padrão com flores, folhas, ânforas, pássaros e figuras humanas orientais (pormenor).
Algodão estampado de Alcobaça (colcha), do séc. XIX, pertencente à colecção Vieira Natividade - Lenços e Colchas de Chita de Alcobaça, Museu de Alcobaça, 1988. IPPC.
Padrão com flores, folhas e pássaros(pormenor).

A tradição dos panos de Alcobaça, remonta ao século XVI. Gil Vicente, na Farsa dos Almocreves, faz referência ao pano de Alcobaça como um pano grosseiro com felpa por aparar. Na mesma farsa uma personagem diz para a outra:

E logo dahi a hum ano
Para ajudar de casar
Huma orfam mandaste dar
Meio covado pano
de Alcobaça por tosar

A primeira fábrica de panos de Alcobaça foi fundada em 1774, por André de Faria Rocha e António Rodrigues de Oliveira. No ano de 1779, passa a ser administrada pela Junta da Administração das Fábricas do Reino. A produção da Real Fábrica de Lençaria e Tecidos Brancos de Alcobaça, dirige-se para as classes abastadas. A gama de panos colocada no mercado - cambraias, adamascados, veludos, bombazinas, lenços lavrados e de cambraia - aumenta consideravelmente até ao ano de 1788. Em 1792, é transmitida a título de venda à Sociedade Carvalho e Guillot. As modificações produzidas por esta sociedade, transformaram a fábrica num dos centros da moderna indústria têxtil portuguesa; em 1810, o exército de Massena (Segunda Invasão Francesa) destrói a fábrica e a sua produção. Quatro anos mais tarde, em 1814, a firma Lourenços e Pietra obtém o alvará para a abertura de uma fábrica de fiação na vila de Alcobaça. Por iniciativa de Joaquim Ferreira de Araújo Guimarães, criou-se a Companhia de Fiação e Tecidos de Alcobaça, em 1875, que perdurou ao longo do século XX. 


Algodão estampado de Alcobaça (colcha), do séc. XIX, pertencente à colecção Vieira Natividade - Lenços e Colchas de Chita de Alcobaça, Museu de Alcobaça, 1988. IPPC.
Padrão com flores, folhas e fitas (pormenor).


Algodão estampado de Alcobaça (colcha), do séc. XIX, pertencente à colecção Vieira Natividade - Lenços e Colchas de Chita de Alcobaça, Museu de Alcobaça, 1988. IPPC.
Padrão com flores e folhas (pormenor).
Algodão estampado de Alcobaça (colcha), do séc. XIX, pertencente à colecção Vieira Natividade - Lenços e Colchas de Chita de Alcobaça, Museu de Alcobaça, 1988. IPPC.
Padrão com flores, folhas, pássaros e cestos (pormenor).
Algodão estampado de Alcobaça (colcha), do séc. XIX, pertencente à colecção Vieira Natividade - Lenços e Colchas de Chita de Alcobaça, Museu de Alcobaça, 1988. IPPC.
Padrão com flores, folhas e pássaros (pormenor).

A partir de 1784 cresce o número de estabelecimentos de estamparia em Portugal, para o que muito contribuiu o rei D. José I, ao introduzir esta manufactura entre nós. A industria de estampagem de chita expande-se com grande rapidez ao longo do século XIX, com o aperfeiçoamento dos métodos de estampagem. O algodão estampado de Alcobaça ou Chita de Alcobaça, segue as tendências da produção europeia com inspiração oriental, ou recriações de desenhos ingleses e franceses, do século XVIII e início do século XX. A Chita de Alcobaça caracteriza-se por o padrão formar riscas largas, com decoração onde aparecem pássaros, aves exóticas, animais, flores, figuras humanas europeias ou orientais, cornucópias, cestos, ânforas, ninhos, pinhas, uvas e frutas tropicais. A Chita de Alcobaça está tradicionalmente associada ao arranjo das casas, à realização de colchas, à confecção de cortinas, ao forro de arcas ...  

Algodão estampado de Alcobaça (colcha), do séc. XIX, pertencente à colecção Vieira Natividade - Lenços e Colchas de Chita de Alcobaça, Museu de Alcobaça, 1988. IPPC.
Padrão com flores, folhas, animais e figuras humanas (pormenor).
Algodão estampado de Alcobaça (colcha), do séc. XIX, pertencente à colecção Vieira Natividade - Lenços e Colchas de Chita de Alcobaça, Museu de Alcobaça, 1988. IPPC.
Padrão com flores, folhas, pássaros e cestos (pormenor).
Algodão estampado de Alcobaça (colcha), do séc. XIX, pertencente à colecção Vieira Natividade - Lenços e Colchas de Chita de Alcobaça, Museu de Alcobaça, 1988. IPPC.
Padrão com flores, folhas, milhos e figuras humanas europeias (pormenor).
Algodão estampado de Alcobaça (colcha), do séc. XIX, pertencente à colecção Vieira Natividade - Lenços e Colchas de Chita de Alcobaça, Museu de Alcobaça, 1988. IPPC.
Padrão com flores, folhas e pássaros  (pormenor).
Algodão estampado de Alcobaça (colcha), do séc. XIX, pertencente à colecção Vieira Natividade - Lenços e Colchas de chita de Alcobaça, Museu de Alcobaça, 1988. IPPC.
Padrão com flores, folhas e jarras (pormenor).

Manuel Vieira Natividade (1860-1918) é uma notável figura de Alcobaça. Apesar de ter nascido numa família de camponeses, a sua mãe procurou afastá-lo dos trabalhos agrícolas e orientou-o para os estudos. Em 1886, licenciou-se em Farmácia pela Universidade de Coimbra. Escritor, etnólogo e arqueólogo, dedicou a sua vida à investigação sobre a Pré-História e História de Alcobaça, e com interpretação iconográfica dos túmulos de D. Pedro I e de D. Inês de Castro. Iniciou um conjunto de colecções, nomeadamente cerâmica e chitas de Alcobaça, que legou aos seus descendentes.  


Algodão estampado de Alcobaça (colcha), do séc. XIX, pertencente à colecção Vieira Natividade - Lenços e Colchas de Chita de Alcobaça, Museu de Alcobaça, 1988. IPPC.
Padrão com flores, folhas e pássaros (pormenor).
Algodão estampado de Alcobaça (colcha), do séc. XIX, pertencente à colecção Vieira Natividade - Lenços e Colchas de Chita de Alcobaça, Museu de Alcobaça, 1988. IPPC.
Padrão com flores e folhas (pormenor).
Algodão estampado de Alcobaça (colcha), do séc. XIX, pertencente à colecção Vieira Natividade - Lenços e Colchas de Chita de Alcobaça, Museu de Alcobaça, 1988. IPPC.


Folha de rosto de "Arte de fazer chitas" -  Lenços e Colchas de Chita de Alcobaça, Museu de Alcobaça, 1988. IPPC.
Receita do livro "Arte de fazer chitas" -  Lenços e Colchas de Chita de Alcobaça, Museu de Alcobaça, 1988. IPPC.


Commercio portuguez em Bristol, e portos adjacentes, no anno de 1838. Offerecido aos portugueses por A. B. de Mascarenhas

“ Chitas, e Lenços estampados da Fabrica da Sr.ª  Viuva Bandeira 8 Ca, em Chellas"
 As Chitas que esta Fabrica apresentou na Exposiçâo sâo as mais perfeitas que se podem desejar, particularmente no que diz respeito ás côres fixas. Com gosto, observamos os progressos desta parte de nossa industria; porque sendo estas Chitas estampadas em um panno assás fino e duradouro, com côres solidas, e padrões de bom gosto, assim mesmo estâo lotadas a 120 réis o covado, preço que regula com as Inglezas de igual apparencia. 
Os Lenços são de muita perfeição, e podem competir com os melhores, neste genero, das Fábricas estrangeiras. 

“Uma Coberta de Chita da Fabrica de Estamparia do Sr Filippe José da Luz em Rio de Mouro" 
Esta amostra de estamparia, e outras similhantes que podem ver-se no Armazem desta Fabrica, rua dos Fanqueiros Nº 158, por sua qualidade e preço, principiam a rivalisar com as manufacturadas em paizes estrangeiros.
Mascarenhas, Antonio Barão. Commercio portuguez em Bristol, e portos adjacentes, no anno de 1838. Offerecido aosportugueses por A. B. de Mascarenhas.Editora Nathaniel Lomas, 1839.



Fontes:

http://www.cm-alcobaca.pt/pt/default.aspx

Instituto Português do Património Cultural (1988) - Lenços e Colchas de Chita de Alcobaça. Museu de Alcobaça.

Mascarenhas, Antonio Barão. Commercio portuguez em Bristol, e portos adjacentes, no anno de 1838. Offerecido aosportugueses por A. B. de Mascarenhas.Editora Nathaniel Lomas, 1839.


terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Calendário 2015 personalizado, com semanas



Lenços e chitas de Alcobaça 


Os calendários que criei para 2015, têm como tema os lenços e as chitas de Alcobaça. Quem não se lembra dos panos de cores fortes com motivos de pássaros e flores? Nas casas de férias, era comum realizar colchas e cortinados com estes panos. 

Algumas imagens de lenços e chitas de Alcobaça, um calendário de 2015 e conhecimentos de informática, são o bastante para a criação destes e outros calendários de uso pessoal. 



"Tabaqueiro", também conhecido pelo "O Alcobaça", séc. XIX
  
Colcha de algodão estampado, do séc. XIX (pormenor do padrão), da colecção de Vieira Natividade.
Colcha de algodão estampado, do séc. XIX (pormenor do padrão), da colecção de Vieira Natividade.
Colcha de algodão estampado, do séc. XIX (pormenor do padrão), da colecção de Vieira Natividade.
Colcha de algodão estampado, do séc. XIX (pormenor do padrão), da colecção de Vieira Natividade.

Fonte: " Lenços e colchas de chita de Alcobaça". Instituto Português do Património Cultural, 1988.